sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Radiohead - No Surprises


No alarms. No surprises. Please.

Já faz um ano mais ou menos que eu escrevi sobre Karma Police do Radiohead, e disparadamente foi o texto que mais rendeu visitas ao blog. Segundo o Google Analytics, foram aproximadamente 490 visitas vindas do google por palavras chaves como "interpretação Karma Police", "comentários acerca de Karma Police", "karma police crítica". Isso me deixa um pouco tenso para falar de novo sobre as composições de Thom Yorke e sua banda, criou-se uma responsabilidade, ainda mais se eu for falar de um outro clássico da banda, a linda NO SURPRISES.
O que dizer sobre uma música onde a primeira frase é "Um coração que se encheu como um aterro sanitário"? Impactante? Bem, como já dito no blog, o album OK COMPUTER surgiu no cenário da música para impactar mesmo, para destruir os poderosos, para chocar os submissos. Eu não sei qual é a relação das pessoas ao ouvir uma frase desse tipo, mas será que ninguém se mobiliza para rever aonde está levando a sua vida? Seu coração está se enchendo de amor (o necessário) ou de lixo - como um aterro sanitário?
"Um trabalho que te mata lentamente", "Um machucado que nunca cicatriza", "Um aperto de mão no monóxido de carbono". Essas frases são apenas exemplos do que corre dentro da canção, e todas elas tentam lutar contra uma só situação: o conformismo. E seguindo o conceito do album, um conformismo com as atitudes do governo, é claro. Nessa canção é até dito claramente "Derrube o governo, eles não falam pela gente!", algo até inesperado de uma banda repleta de simbolismos e metáforas. O que o governo pede está no refrão da canção, a famosa frase "Sem alarmes e sem surpresas, por favor", e obedientemente, a população dá a sua resposta: "Silêncio. Silêncio." A vida é um caos, existem pessoas pisando na gente, mas estamos conformados. Silêncio.

Essa análise pode até parecer agressiva, mas no fundo, é isso o que o Radiohead nos propoem. E mais do que isso, dentro da arte musical. Para demonstrar agressividade eles não precisam de guitarras destruidoras, de visuais revoltados, de uma música barulhenta. Se você ouvir No Surprises vai se deparar com uma melodia calma, com toques que se assemelham a uma canção de ninar, um embalo relaxante e um piano sedativo (quem disser que nunca ouviu o riff de piano dessa música deve estar enganado, aliás). E essa calmaria dentro da canção misturada a sua letra caótica inverte os sentidos, inverte os signos, inverte nossa cabeça. Afinal, No Surprises mostra que a calmaria não vem depois da tempestade, pois vivemos em um mundo onde tentamos ficar calmos durante a tempestade.

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*um feliz ano novo para todos! :)

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Mew - Special


You're special, you're like rocket through me.

MEW é uma daquelas bandas que tudo indica que você nunca irá conhecer. Banda indie, dinamarquesa, nome de um pokémon, nunca apareceu como trilha de algum filme, nunca fez uma tour mundial, talvez nunca tenha tocado em uma rádio norte-americana. Até mesmo o last.fm parece ignorar Mew, nunca os vi relacionados em nenhuma página (exceto em páginas de outras bandas dinarmaquesas, como Carpark North ou Kashmir, igualmente desconhecidas). Mas quando você está predestinado a algo, nada pode impedir esse encontro. Pode ser por um amigo 'meio-anormal' que te indique a banda ou você pode ler sobre ela em um blog de recomendação de músicas... No meu caso, foi pelo amigo. No caso de vocês, será por este blog!

Mew é daquelas bandas que adoram se basear no experimentalismo para fazer suas músicas. A maioria das bandas costumam ter uma ou duas canções experimentais, como Sway do Lostprophets, mas no caso de Mew, quase todas são dessa forma, e eles devem ter uma ou duas que são "normais". Em verdade, a voz de Jonas Bjerre já é algo experimental por si só! Dê o play no vídeo, ouça SPECIAL, e entenda o que estou dizendo!
Uma das coisas que mais gosto no Mew é a forma de como eles conseguem ser melódicos e agressivos ao mesmo tempo. Em Special isso é claro, a música começa em uma explosão com a bateria, com uma batida arregaçadora. No entanto, a guitarra da música dá um ritmo dançante e melódico para a canção, e quando o vocalista entra com sua "voz special" cantando a frase que inicia esse post, você confirma que Mew é algo beeem diferente do usual. Ousados e originais!
Com um ritmo ditado pela bateria, Special fala sobre uma garota que faz mal a um rapaz que gosta dela, mas ele não consegue deixá-la, como se ela fosse uma droga. Jonas disse em entrevista que fala sobre sexo, e se fosse qualquer outra pessoa falando, eu diria que essa pessoa teria uma mente suja ao pensar nisso. Só por causa das frases "Eu te colocarei para cima e para baixo" ou "Você é como um foguete pra mim"? Maaas, como quem disse isso foi o compositor da música, talvez eu deva acreditar nele, muita gente trata sexo como uma droga mesmo...

Special está no quarto album do grupo, "And the Glass Handed Kites", album classificado como Rock Progressivo, o que para mim não significa nada, mas para muita gente significa muito. Para mim o que importa é passar a mensagem de que o Mew produz um som bem diferente do que estamos acostumados a ouvir, e que dificilmente deixam de cativar alguém com suas músicas!

sábado, 11 de dezembro de 2010

Lifehouse - Broken


Veja só se não é a quarta vez que falo de Lifehouse?! Eu realmente devo gostar dessa banda.

Sendo trilha de Grey's Anatomy, One Tree Hill, Criminal Minds e mais uma pancada de seriados, além de longas metragens no geral, a canção BROKEN do Lifehouse é bem famosinha e cativante. Ela se encontra no penúltimo album da banda (WHO WE ARE), figurando junto com First Time, já comentada aqui no blog. Ao ouvi-lá, a primeira sensação é de um deja-vu, como se essa música tivesse embalado alguma época da sua infância e você a reencontrasse naquele exato momento. Depois, basta prestar um pouco de atenção nela, e novas sensações começam a se despertar. Um leve sentimento que você irá se desmanchar ao som da música. Não deve ser átoa que o nome dela é "quebrado".

ATENÇÃO: ESSA CANÇÃO É EXTREMAMENTE PREJUDICIAL PARA PESSOAS COM O CORAÇÃO PARTIDO.
E falo isso por experiência própria. Hoje, ouvir músicas de pé-na-bunda não me entristecem muito. Mas quando você está vivenciando aquela situação, quando você sabe exatamente o que o cantor está querendo dizer, ahhhhh... aí ela te pega de jeito! É impossível não se abalar e não dar um replay na canção algumas vezes.
O pianinho da música nem traz tanta depressão assim, as batidas do começo da música trazem até um clima esperançoso. Mas a medida que a melodia vai evoluindo, vai se desdobrando, você vai sendo sugado por ela, acaba grudado no ritmo hipnotizante dela, e quando percebe, já foi dominado. Lifehouse é bom nisso!
A guitarra (comentada nesse post aqui) dessa vez é mais omissa, deixa o espaço para que os outros instrumentos pintem a canção. Ousaria a dizer que tem um violino nela, inclusive, mas não tenho certeza absoluta, então sem afirmações. E a letra destroçadora diz sobre um rapaz que se sente quebrado, que só consegue dormir porque seu relógio não funciona mais, alguém que mal consegue respirar, que procura a cura na sua própria dor, com um coração quebrado que continua batendo, que se sente perdido, sozinhol, largado, e....... UOW! Quem não se abala com uma história dessas?

Há ainda algumas outras hipóteses e interpretações. Há quem diga que a banda está falando sobre um transplante de rins (!!!), além da temática religiosa, já que supostamente Lifehouse seria uma banda cristã. Isso porque no refrão é dito "No seu nome eu encontro significado" e em outra parte "Me seguro nas suas palavras", onde se encaixaria o nome de Jesus e a Bíblia, respectivamente. Bem, como sempre, eu vou na probabilidade do coração partido por uma garota. Mas nada contra as outras interpretações, músicas boas no geral tem que ter diversas delas mesmo!
Por hoje é isso! Se gostaram da música, deem uma olhada nos outros três posts (Hanging by a Moment, First Time e Blind) que, com certeza, não irão se decepcionar com as músicas lindas de Lifehouse!
Beijos.