domingo, 11 de dezembro de 2011

Kings of Silence


No último dia 08 de dezembro, a dupla Kings of Convenience fez uma apresentação em uma casa de shows de São Paulo. E foi polêmica!

Na única vez que falei sobre esta dupla norueguesa aqui, como uma premonição, eu disse que eu estava confirmado no show deles antes mesmo da banda pensar na América do Sul. Uma semana depois, a página do facebook do Kings of Convenience anunciava shows no Brasil em dezembro! Ótimo! Eu não perderia por nada!
Depois de comprar um dos ingressos disputadíssimos, aguardei com as melhores expectativas o show, tal como o grupo de amigos que me acompanhou. E ela não foi exatamente o esperado...

Não, eu não estou decepcionado com a apresentação! Vamos aos fatos: a dupla é formada por Erlend Øye e Eirik Bøe, duas figuras estranhas e engraçadas, que mostraram seu lado "sorrisos e piadas" rapidamente, como o imaginado, mas mostraram também um lado de impaciência e incompreensão; em verdade, praticamente no final de todas as músicas, Erlend reclamava do barulho da platéia. Às vezes com piadinhas ("O silêncio é o terceiro membro do Kings of Convenience"), às vezes com rispidez ("Vocês não conseguem ficar quieto?"), o que poderia ter sido algo natural, mas virou algo marcante sobre esse show, pois diversas discussões surgiram à partir disso.

O interessante é ver que, nos comentários pós-show que acompanhei nas redes sociais, houve uma clara divisão em duas opiniões:
1. "Brasileiro não sabe se comportar, não entende que o show é intimista, que precisa de silêncio total pra tudo dar certo, e a banda tem todo o direito de chamar atenção sequencialmente"
2. "Erlend não sabe lidar com o público! No Brasil o público é diferente do europeu, é acalorado, gosta de pular, cantar, e estava lá para se divertir, mas a dupla criou um clima de repressão que impediu isso"

Bem, é engraçado notar que no fundo, ambas opiniões tem razão, afinal, em uma apresentação feita integralmente sob dois violões, e em um lugar cuja acústica não é grande coisa, o silêncio se torna necessário. No entanto, a obsessão por silêncio e as diversas broncas, foram derrubando a excitação local de estar diante do Kings of Convenience, e aparentemente Erlend não compreendeu isso.

Minha opinião: quando digo "Erlend", e não "a banda", é justamente porque ele é o que mais aparentava estar incomodado. Eirik pediu silêncio também, mas estava muito mais bem humorado, e tomou cuidado para não bancar de chato, conversando e brincando muito mais do que se preocupando com barulhos de garrafas que vinham do bar no mezanino. Erlend não tomou esse cuidado. Creio que ele estava sim no seu direito de pedir silêncio, mas às vezes ele agia absurdamente; por exemplo, quando tapava os ouvidos quando o público aplaudia efusivamente ao final de suas músicas! Ou então, ao pedir que parassem de acompanhar as canções com palminhas, permitindo apenas estalar os dedos. No auge, reclamou com a platéia quando poucos estavam acompanhando um difícil coro de "aaaaaaah" e "ooooooh": "Certo, vocês não conseguem fazer silêncio, não sabem cantar, nem estalar os dedos... estou decepcionado". Muitos foram embora nesse momento.

No final, as coisas melhoraram nesse sentido. Erlend começou a deixar de se importar com ruídos mínimos, e começou a aproveitar o show junto com a gente. Eirik, que até parecia constrangido com algumas colocações do amigo, mostrou-se feliz de estar lá, cantou "Corcovado" em português, tocou uma música a pedido de alguém na fileira da frente, e pareceu ter compreendido melhor o que é uma apresentação no Brasil.
(Prova dessa melhora é que, aparentemente, no show seguinte feito no Rio de Janeiro a dupla estimulou o barulho, pediu que batessem palmas e cantassem alto as músicas).

Por fim, musicalmente, o show foi impecável. Impressionante como tocam e cantam bem. Faltou o terceiro membro do grupo, o silêncio, talvez tenha faltado o quarto, o carisma do Erlend, mas não faltaram qualidade e perfeição na execução de suas canções. Como praticamente 100% de suas músicas são maravilhosas, nem precisava se preocupar quanto ao setlist. Era apenas admirar e se encantar com tamanha competência. No fundo, é o que importa para o show. Afinal, se essas atitudes acabassem com o show, Oasis não teria conquistado um fã se quer no mundo!

Ah, mais uma coisa: na última música, Erlend falou comigo! Sério. Olhou pra mim e me pediu uma palheta. O que é triste, porque eu entendi tudo o que eles falaram o show inteiro, MENOS no momento que ele falou comigo. Só entendi quando ele gesticulou, MAS VEJA BEM, por que eu teria uma palheta no bolso na hora do show? Eirik o cutucou no ombro e entregou uma das suas.
Até agora, eu não sei como se fala palheta em inglês.

***

ps: Isso não é uma resenha, é apenas uma visão minha dos fatos que aconteceram no Cine Jóia naquela noite. Espero que não tenha passado uma impressão ruim disso, porque foi excelente! After all, amei o show e a companhia! ;)
Se puderem, dêem suas opiniões! Apesar de não estarem lá, o que acham sobre isso tudo?

12 comentários:

Gabriel Pozzi disse...

ah! as fotos do show que postei são minhas, então perdoem a (falta de) qualidade do meu celular, ok? hahaha
só pra estampar mesmo! ^^

Katy disse...

Favor alguem avisa pro Erlend que ele tah precisando, alem da palheta, um corte de cabelo urgente...talvez um stylist? kkk. Ele eh rabugento as vezes mas tem bom coraçao,foi o trauma de 2005 eu estava lah, a plateia mega barulhenta,porem no fim deu tudo certo!!

Gabriel Pozzi disse...

/\

tim festival? great!

li em algum twitter: "pelo visto não foi só no tim festival que ele estava de mal humor! acho que essa chatice é da personalidade dele"
hahahaha apesar de tudo, I believe in Erlend :)

Ruvis disse...

Ai, mo, difícil de lidar com gente chata. Que coisa mais sem graça: tocar pra um monte de gente q só olha. Se eu tivesse uma banda ia querer todo mundo cantando junto!!

Adorei a sua resenha sobre o show, gato! Vc precisa fazer de todos os shows que vc vai!

te amo <3
beijos

Bruno Costa disse...

Esse é o melhor blog sobre músicas, não somente pela qualidade delas, mas pela maneira como escreve sobre o assunto, mostrando-se não apenas como conhecedor, mas também como alguém que se afeta por ela. Imagino que tenha sido uma situação muito incômoda. Direitos todos têm, de silenciar ou não, de pedir silêncio ou não. Tomara que das outras vezes, como parece ter ocorrido, um entrosamento maior seja possível, pois todos ganham. Abraço
Segue a continuação:

http://costabbade.blogspot.com/2011/12/nos-buracos-do-tempo-parte-2.html

M.alves disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Andy A. disse...

Ese grupo não conhecia , mas é sempre bom novas dicas ...
http://andyantunes.blogspot.com/

Unknown disse...

bem, eu não conheço a dupla ( vou até procurar uns videos depois daqui pra saber como é som deles), mas é serio, eles acham q pra onde forem no mundo irão encontrar o mesmo tipo publico? ... eu vejo uns videos de uns shows q rolam na Europa, sinceramente eu fico mais agitado do que a plateia q tá lá! Esse é o jeito brasileiro de curtir um show, se o carinha tivesse entrado no clima, teria curtido pacas a experiencia... afinal de contas um show é um eventos de duas vias, os músicos tb têm q curtir o publico! :)
flw!!!

Jacilene Silva disse...

Muito foda seu blog!
Ganhou mais uma seguidora.

Long Live Rock n'Roll!!! \m/

http://jacifoiodiscovoador.blogspot.com

CAMILA de Araujo disse...

Quanto tempo que eu não passava por aqui! E aí, Gabriel... Beleza?

Não conhecia, curti o look dos caras e o que você escreveu sobre o show.
Vou procurar. Tava ouvindo The XX e Death Cab que eu conheci por aqui, sempre boas dicas.

http://www.papel40kg.com/

Laís disse...

Eu estava no show, e achei bem deselegante da parte deles... um casal do meu lado foi embora no meio... Eu não cheguei a tanto, estava bem encantada com as músicas... Porque no fim, como você disse, o que importa é isso, as músicas, e foram excelentes...
Agora, que o Erlend foi chato demais, hahaha, isso ele foi.

shelhass disse...

Bem... eu sou do tipo que tenta levar por menos, então provavelmente não me importaria com o que Erlend fez ou disse. AlOOOOô, Kings of Convenience.
Meu, se eu estivesse nesse show eu estaria tão, mais tão alto, tipo sétimo céu que eu não me importaria com por*@ nenhuma. Ahnn, eu não quis dizer que eu estaria de pilequinho, sacou, só eufórica.
Seria tipo com White Stripes em Manaus: no balcão do canto quase encostada no teto, mas muito feliz.
E Pozzi, aprenda agora e guarde para sempre: o nome é 'plectrum'.

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